Vários estudos realizados deste a década de 60, quando da realização dos jogos olímpicos na cidade do México, que fica há 2300 metros acima do nível do mar vêm demonstrando o quanto a altitude pode prejudicar o desempenho de atletas em competições realizadas neste ambiente. No jogo de futebol, a execução das ações motoras que propiciam o espetáculo coletivo exige de seus atletas uma capacidade de utilização de oxigênio bastante significativa. No nível do mar, essa discussão inicia pela pressão atmosférica, que apresenta seu peso e altura do ar mais elevado.
À medida que uma pessoa sobe para altitudes mais altas a pressão atmosférica, conseqüentemente, diminui. O ar fica menos denso e cada litro de ar contém menos moléculas de gás. Como as porcentagens de O2, CO2 e N2 são as mesmas na altitude e ao nível do mar, qualquer modificação na pressão parcial de cada gás se deve à alteração da pressão atmosférica ou barométrica. A diminuição da pressão parcial de O2 (PO2) com os jogos na altitude têm um efeito direto sobre a saturação de hemoglobinas e, conseqüentemente, sobre o transporte de oxigênio. Esse processo é conhecido na prática como hipóxia, ou seja, a (PO2) inspirada na altitude é menor que ao nível do mar, o que atrapalha a velocidade do metabolismo de oxigênio nos músculos, diminuindo o desempenho do jogador. Além da condição hipóxia, também a temperatura e a umidade do ar são menores, aumentando a probabilidade de problemas de regulação da temperatura ao estresse hipóxico da altitude.
Os maiores problemas enfrentados pelo atleta de futebol na altitude, consistem na necessidade além de outros fatores, de utilizar oxigênio nas suas atividades, o que gera a energia para o esforço físico de alto nível, isso fica completamente afetado pela menor PO2 na altitude, o que diminui sua capacidade de captação e transporte de oxigênio afetando a excelência de ações motores durante o jogo. Outra conseqüência é que com a diminuição da pressão atmosférica, da temperatura e da densidade do ar, os movimentos se tornam mais rápido o que gera um gasto maior de energia, e, em conseqüência, o oxigênio captado não supre o gasto, levando o organismo do atleta à fadiga precocemente durante a partida. A bola se desloca com mais velocidade dificultando o controle da mesma e prejudicando em muito a capacidade, por exemplo, do goleiro de interagir com ela.
Em resumo, essas são algumas das funções afetadas na altitude para atletas que não estão adaptados a mesma, outras situações como prejuízo da capacidade respiratória, aumento exagerado da freqüência cardíaca, maior produção de lactado no músculo e o desconforto na coordenação motora, fazem com que o espetáculo beneficie os atletas que vivem e treinam na altitude. Essas alterações são evidentemente cada vez piores quando a altitude se eleva, pois acima de 1800-2000 metros já são observados os efeitos da altitude.
Os estudos também mostram que é possível se adaptar a esta nova situação, mas para isso os jogadores deveriam ter um tempo mínimo de 20-30 dias para treinarem e se adaptarem a esta nova exigência fisiológica da altitude. Isso na nossa realidade competitiva não é possível.
Entendendo que, só pode existir uma competição de fato na essência do olímpismo, quando duas equipes ou adversários entram na arena competitiva em condições iguais, fica evidente pelos estudos atuais que os jogos de futebol e qualquer outro tipo de competição desportiva na altitude quebram essa teoria e torna desigual o combate competitivo.
Autor: Antônio Carlos Gomes
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